Donatien Alphonse François de Sade (1740-1814), o Marquês de Sade, teve uma vida conturbada, ao longo da qual produziu uma obra polêmica. Foi preso e internado em hospícios inúmeras vezes por acusações diversas, como fustigar e envenenar prostitutas, participar de orgias e atuar politicamente contra o sistema. Perseguido tanto pela monarquia do Antigo Regime como pelos revolucionários vitoriosos de 1789, e, depois, por Napoleão – sobre quem escreveu um panfleto satírico em 1800 –, criou a maior parte de sua produção literária encarcerado.
Os livros de Sade eram sucessos de público, porém foram massacrados pela crítica. O autor lançou seus textos na clandestinidade e somente muito mais tarde se tornou um clássico da literatura francesa. Ao longo de sua obra, Sade investiga o lado obscuro do ser humano por meio do sadismo. O termo, que surgiu com a sua obra, foi transformado em um conceito clínico, cunhado pelo psiquiatra Richard von Krafft-Ebing, em 1891.
Em A filosofia na alcova ou os preceptores imorais, de 1795, Madame de Saint-Ange, com a ajuda de seu irmão, o cavalheiro de Mirvel, e do sodomita Dolmancé, cuida da educação sexual da jovem Eugénie. Ao longo de sete diálogos, ocorridos em um dia, a jovem Eugénie é instruída por libertinos a ignorar as fantasias religiosas, que não passariam de ilusões para controlar o povo, e a seguir apenas as “leis da natureza”, que igualam virtude e crime, pois ambos seriam necessários para garantir o equilíbrio natural. Segundo a filosofia pregada no livro, o roubo iguala as riquezas, o assassinato é a destruição que contrabalança a criação e tudo aquilo que leva ao prazer é permitido, pois é inspirado pela natureza.
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(*) Esse ensaio faz parte da coletânea As Artes do Mal: textos seminais, organizada por Júlio França e Ana Paula Araújo. Adquira o livro aqui.