“Joris-Karl Huysmans foi um escritor e crítico de arte francês, cuja variada obra é composta tanto por romances naturalistas quanto decadentes, além daqueles de cunho religioso. Foi bastante atuante nos periódicos da época, como o Le Voltaire, em que defendia o trabalho dos pintores impressionistas contra as reprimendas de diversos intelectuais do período.
Suas obras revelam, em diversos momentos, poéticas relacionadas a efeitos de recepção negativos, como o horror, a repulsa e o grotesco. É o caso de Às avessas (1884), considerada a obra paradigmática da decadência literária, que apresenta uma visão de mundo bastante desencantada e explicita uma série de transgressões morais, e de Là-bas (1891), em que o ocultismo e o satanismo são temas centrais do enredo que gira em torno da história de Gilles de Rais, o personagem histórico acusado pelo estupro e assassinato de diversas crianças.
Selecionamos para nossa antologia o ensaio ‘O Monstro’, publicado em Certains (1889). Nele o autor traça um panorama das principais manifestações da monstruosidade em diferentes realizações artísticas ao longo da história. O seu principal objetivo é comprovar a hipótese de que as monstruosidades teriam praticamente desaparecido das artes e não mais existiriam na contemporaneidade finissecular. Huysmans acredita que os monstros perderam progressivamente a capacidade de horrorizar, ao se aproximarem do burlesco e do cômico. Apesar desse fenômeno, ele defende que o final do século XIX, com seu avanço científico, ofereceria novos instrumentos para a criação de monstros. Após longo período sem criarem formas monstruosas originais e verdadeiramente assustadoras, os artistas deveriam se utilizar dos conhecimentos científicos sobre os microorganismos, as larvas e os vermes para engendrar novas criaturas aterrorizantes.”
Leia aqui o ensaio completo.
(*) Esse ensaio faz parte da coletânea As Artes do Mal: textos seminais, organizada por Júlio França e Ana Paula Araújo. Adquira o livro aqui.