“Este artigo analisa a manifestação do sublime na poesia de Fagundes Varela, tendo como objetos de investigação os poemas “Cântico do calvário” (1865) e “A sede” (1869). Neste ensaio, trabalhamos, especificamente, com duas dessas formulações, a saber, o sublime romântico wordsworthiano, que podemos reconstruir a partir das considerações de Wordsworth acerca da poesia, e o conceito definido por Edmund Burke em sua Investigação filosófica sobre a origem de nossas ideias do sublime e do belo (1757). Para contrastar ambas as teorias da sublimidade, partimos da divisão proposta por Thomas Weiskel (1994) entre um sublime negativo e outro positivo, o primeiro derivado da ideia de que a alma humana é finita e limitada e o segundo relacionado à noção de que ela é infinita. A partir dessa distinção, podemos afirmar que o sublime burkeano, pautado no instinto de autopreservação e nas ideias de dor e perigo, seria de natureza negativa, enquanto o sublime wordsworthiano, que visa a afirmar as capacidades quase divinas da alma, seria de natureza positiva. Nosso objetivo é demonstrar que o poeta fluminense, em sua produção, adotou elementos comuns a ambas as versões do sublime.”
(*) Esse ensaio foi publicado originalmente nos Anais do XV Congresso Internacional da ABRALIC. Republicamos aqui, com autorização do própriao autor, com fins puramente acadêmicos.