“O presente trabalho propõe uma análise do romance Fronteira (1935), de Cornélio Penna, sob o viés da estética gótica. A obra de Penna, reconhecida por inaugurar na Literatura Brasileira uma ficção de teor psicológico, apresenta traços característicos da literatura gótica que, no século XVIII, foi consolidada por autores como Ann Radcliffe, Clara Reeve e Matthew Lewis, em sua fase de maior sucesso, e, posteriormente, por autores como Mary Shelley, Bram Stoker e Oscar Wilde – além de influenciar, até hoje, diversas literaturas e mídias. Tal estética compõe-se por um conjunto de características específicas que garantiram êxito à literatura gótica em sua capacidade de causar medo e prazer estético aos leitores do século XVIII. Dentre estas características, destacam-se a presença do sobrenatural, a exploração de crimes e tabus culturais, e a constituição de um topos literário que se define principalmente por locais abandonados, claustrofóbicos e aterrorizadores. Todos esses elementos aparecem de forma recorrente em Fronteira, motivo pelo qual o presente trabalho propõe uma leitura que leve em consideração tais aspectos no entendimento da obra. Ademais, busca-se, a partir desta análise, refletir sobre a influência exercida pela literatura gótica no âmbito literário, pois, mesmo sem se firmar como um gênero à parte, tal literatura constituiu-se como um fenômeno que transcendeu, cultural e historicamente, suas origens – fazendo-se presente até mesmo em nossa Literatura Brasileira.”
25 de agosto de 2014
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