“(…) Se o horror já foi, no passado, um instrumento para a formação moral do homem, tendemos agora a afirmar que ele só raramente exerce essa função. Antes tudo, isto se deve ao fato de que a sociedade contemporânea é avessa a tudo o que persiste no espírito – e não é outro o motivo de nossos esforços em minimizar os efeitos traumáticos. Tentamos, de todas as formas, evitar os traumas na formação das crianças e na vida dos adultos, sem parar e refletir sobre o que eles despertam mais além da ansiedade momentânea. Não se quer com isso dizer, é claro, que se deve traumatizar deliberadamente sempre que desejarmos ensinar algo a alguém. Isso seria ridículo e perverso. Mas o horror paideico, sendo um ‘trauma’ no âmbito narrativo, teve sempre a exigência de transmitir a ética comunitária. O horror artístico, seu sucessor, embora tenha gestado, em sua história, obras de alta complexidade e questionamento moral, parece estar cada vez mais indiferente a essa exigência. Hoje, raras são as vezes em que constatamos uma alteração ética profunda produzida por uma obra de horror. (…)”
14 de setembro de 2013
Horror e Paideia (João Gabriel Lima)
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